Cálculo de Energia Incidente

Neste artigo vamos abordar o cálculo de energia incidente de acordo com a norma internacional IEEE 1584 2018. O cálculo da energia incidente é importante para quantificar o risco de um arco elétrico, com esse cálculo podemos adotar as medidas de proteção adequadas.

O arco elétrico ocorre quando há uma ruptura dielétrica, produzindo uma descarga elétrica, permitindo a passagem da corrente elétrica entre dois pontos com diferença de potencial. Este material isolante, dielétrico, pode ser qualquer material isolante como uma borracha ou o próprio ar provocando um aumento brusco de temperatura e pressão, tendo um alto potencial de destruição e danos a vida.

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Apresentemos algumas das principais causas da ocorrência do arco elétrico:

>  Poeira e impurezas acumuladas nos isoladores e equipamentos;

>  Descargas parciais ou isolamento depreciado;

>  Centelhamento devido a sobretensão e transitório;

>  Manobras indevidas (aberturas em carga de seccionadoras não adequadas a manobra);

>  Contato acidental em partes vivas;

>  Reposição de fusíveis com contator ou disjuntor energizado, ou em curto.

A energia incidente compreende na dissipação da energia derivado do fenômeno de um arco elétrico, em outras palavras, é a quantidade de energia térmica incidida em uma superfície a uma certa distância da fonte em decorrência de um arco voltaico, calculada em cal/cm².

De acordo com a norma IEEE 1584 2018 para este cálculo o sistema deve apresentar as seguintes condições:

>  Deve ser um sistema trifásico com tensões na faixa entre 208 e 15000V;

>  Frequência de 50 ou 60Hz.

>  Corrente de curto-circuito em valor eficaz da componente simétrica:

 Entre 208 V e 600 V: de 500 A a 106 kA.

 Entre 601 V e 15000 V: de 200 A a 65 kA.

>  Espaçamento entre condutores:

Entre 208V e 600V: 6,35mm a 76,2mm

Entre 601V e 15000V: 19,05mm a 254mm

>  Distância de trabalho maior ou igual a 305mm.

Primeiramente vamos determinar a corrente de arco, que depende, principalmente, dos valores de corrente de curto-circuito, tensão do sistema, arranjo e espaçamento entre os condutores. Temos dois modelos para o cálculo de arco elétrico para circuito aberto.

O primeiro é para tensões entre 600V e 15kV obtido pela seguinte equação. 

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onde:  

   𝐺 – distância típica entre condutores [mm];

   𝐼𝑏𝑓 – corrente de curto-circuito trifásico simétrico [kA];

   𝐼𝑎𝑟𝑐_600- corrente de arco para tensão do sistema em 600 V [kA];

   𝐼𝑎𝑟𝑐_2700 – corrente de arco para tensão do sistema em 2700 V [kA];

   𝐼𝑎𝑟𝑐_14300- corrente de arco para tensão do sistema em 14300 V [kA];

 𝑘1 𝑎 𝑘10 – coeficiente fornecidos pela IEEE 1584, na Tabela 1 do Anexo 3.

O segundo modelo é para tensões entre 208V e 600V, e podemos obter a corrente de arco de acordo com a equação a seguir:

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onde:

𝑉𝑜𝑐- tensão do sistema [kV];

𝐼𝑏𝑓 – corrente de curto-circuito trifásico simétrico [kA];

𝐼𝑎𝑟𝑐- corrente de arco para a tensão nominal do sistema [kA];

𝐼𝑎𝑟𝑐_600 – corrente de arco para tensão do sistema em 600 V [kA]. 

É necessário o cálculo da corrente de arco mínima em razão da grande variação de magnitude que o arco pode apresentar. 

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𝐶𝐹𝐼𝑎𝑟𝑐 = 𝑘1 x 𝑉𝑜𝑐6 + 𝑘2 x 𝑉𝑜𝑐5 + 𝑘3 x 𝑉𝑜𝑐4 + 𝑘4 x 𝑉𝑜𝑐3 + 𝑘5 x 𝑉𝑜𝑐2 + 𝑘6 x 𝑉𝑜𝑐 + 𝑘7 

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onde:

𝑉𝑜𝑐- tensão do sistema [kV];

𝐶𝐹𝐼𝑎𝑟𝑐- fator de correção de variação de 𝐼𝑎𝑟𝑐;

𝐼𝑎𝑟𝑐- corrente de arco para a tensão nominal do sistema, [kA];

𝐼𝑎𝑟𝑐_𝑚𝑖𝑛- corrente de arco mínima baseada no fator de correção de variação de corrente de arco, [kA];

𝐼𝑏𝑓- corrente de curto circuito trifásico simétrico [kA];

𝑘1 𝑎 𝑘7 – coeficientes fornecidos pela IEEE 1584, na Tabela 2 do Anexo 3. 

A duração do arco elétrico deve ser realizada a partir do tempo de atuação das proteções do sistema, considerando a proteção à montante. O tempo de interrupção do arco, o tempo que leva para o arco extinguir, é a soma do tempo de sensibilização da proteção com o tempo de abertura física do equipamento.

Agora poderemos calcular a energia incidente com todos esses dados calculados previamente. Vamos calcular os valores intermediários e posteriormente aplicar as equações de interpolação para adquirir os valores finais da energia incidente. 

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Sendo:

C2 = k4 x Ibf7 + k5 x Ibf6 + k6 x Ibf5 + k7 x Ibf4 + k8 x Ibf3 + k9 x Ibf2 + k10 x Ibf

C3 = k11 x logIbf + k12 x logD + log1CF 

onde:

𝐸𝑉𝑜𝑐 – energia incidente quando a tensão de circuito aberto Voc é de 600 V, 2700 V, 14300 V ou ≤ 600 [J/cm²];

𝑇 – tempo de duração do arco [s];

𝐺 – distância típica entre condutores [mm];

𝐼𝑎𝑟𝑐𝑉𝑜𝑐- corrente de arco para tensão do sistema Voc é de 600 V, 2700 V, 14300 V ou ≤ 600 [kA]; v

𝐼𝑏𝑓- corrente de curto circuito trifásico simétrico [kA];

𝑘1 𝑎 𝑘13 – coeficientes fornecidos pela IEE 1584 -2018, Tabela 3 a 5 do Anexo 3. 

E por fim aplicamos as equações de interpolação para obter o valor da energia incidente em J/cm², para converter o valor para cal/cm² basta dividir o valor por 4,184. 

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onde:

 – Primeiro termo da interpolação para tensão do sistema entre 600 V e 2700 V, [J/cm²];

 – Segundo termo da interpolação para tensão do sistema maior que 2700 V, [J/cm²];

 – Terceiro termo da interpolação para tensão do sistema menor que 2700 V, [J/cm²];

Esse cálculo é importante para saber qual o risco envolvido no pior caso, em uma situação de arco elétrico, e tomar as medidas necessárias para resguardar o trabalhador e definir os EPI’s e EPC’s adequados na subestação.

Referências Bibliográficas:

IEEE 1584 2018 – IEEE Guide for Performing Arc-Flash Hazard Calculations

Equipe Mesh Engenharia,


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