O sistema de distribuição é responsável por fazer o despacho de energia elétrica a todos os consumidores comerciais, residenciais e industriais conectados em média e baixa tensão. Essa distribuição normalmente abrange redes de até 34,5kV, sendo comum em algumas empresas do setor considerar até 138kV parte da distribuição. Porém, nesse artigo iremos nos restringir apenas a média tensão e abordaremos 02 equipamentos que fazem parte da proteção desse sistema, citando as principais características de cada um.
O Religador
Esse equipamento possui funcionamento bem similar ao disjuntor de média tensão, porém sua instalação pode ser feita na subestação em base especifica ou ainda em poste, em alguns trechos da rede de distribuição. Diferentemente do disjuntor, o religador possui alta capacidade de manobras sob condições de carga e curto-circuito, sendo um equipamento muito viável para instalação nesse tipo de sistema no qual 70% das faltas são temporárias.
Os religadores assim como o disjuntor deve possui um disposto eletrônico (IED) para acionar o equipamento em casa de falha ou defeito do equipamento protegido. Sendo assim, ao utilizar um religador é possível realizar outras funções de proteção além de sobrecorrente, o que garante uma eficácia na proteção dos equipamentos e ativos do sistema de distribuição.
Uma outra vantagem desse equipamento que vale a pena destacar é a possibilidade desse equipamento ser telecomando por um centro de operação (COD), o que traz economia na operação, manutenção, melhorando os índices de desempenho da distribuição DEC e FEC.
Chave Fusível
As chaves fusíveis são equipamentos utilizados para proteção dos ativos da distribuição contra curto-circuito.
Esse dispositivo normalmente é instalado no poste e possui um elo fusível em seu interior que é do tipo K, H ou T.
Fusível K: Fusível do tipo “Rápido” Destinados à proteção de ramais de alimentadores de distribuição e proteção ao longo dos alimentadores na sua trajetória final.
Fusível T: Fusível do tipo “Lento” – Destinados à proteção de ramais de alimentadores de distribuição e proteção ao longo dos alimentadores na sua trajetória final.
Fusível H: Fusível do tipo “Alto Surto” – Normalmente na utilizado na proteção de transformadores de distribuição de baixa potência.
O fusível possui um bom custo benefício e ainda hoje é bastante utilizado. Diferente do religador, esse equipamento interrompe a corrente do circuito através do rompimento do seu elo. Portanto sempre que um fusível atua, deve ser feito sua substituição por profissional dedicado para reestabelecimento do sistema de distribuição.
Religador vs Fusível
Pelo que foi dito até agora tenho certeza que você pensou o seguinte: Se o Religador tem tantas vantagens em relação ao fusível, porque não utilizar só Religador? Bom, vamos entender um pouco o porquê disso, e também da filosofia de operação do sistema de distribuição.
Vamos avaliar primeiro sob perspectiva técnica, sem considerar o custo de aquisição e instalação dos equipamentos. Como vimos, o Religador possui um IED responsável por fazer a proteção e mandar comando de desligamento para o equipamento. Se houver muitos religadores em cascata, ficaria muito difícil para realizar a coordenação de todos esses dispositivos, considerando a extensão, e a complexidade do sistema de distribuição. Portanto do ponto de vista da operação, é mais interessante que se instale esse equipamento em pontos estratégicos, como entroncamento de rede, saída de alimentadores em subestações de distribuição e na entrada de acessantes de geração distribuída.
Vamos tomar como exemplo o sistema acima, suponha que ocorra um curto-circuito temporário no ponto A, causado por um pássaro que bateu na rede. Na primeira situação, vamos imaginar que não existe o religador no ponto indicado, sendo assim o fusível (CF3) irá atuar, isolando o alimentador(L3) deixando todos os consumidores daquele trecho sem energia.
Agora suponha que o religador está instalado no ponto indicado anteriormente. Sabe-se ainda, que ele foi ajustado com 2 curvas rápidas e 2 lentas, de forma que para a curva rápida, ele atua antes do fusível (CF3). Sendo assim, no momento que acontecer uma falta temporária no ponto A, o religador irá atuar antes do fusível, e após um tempo ajustado ele irá religar a rede. Perceba que nesse caso, você piscou todo o trecho alimentado pelo religador por um tempo, porém você salvou o fusível (CF3) não havendo a perda de alimentação de nenhum consumidor naquele trecho de rede.
Conclusão
A utilização de esquemas de proteção com religadores e fusíveis no sistema de distribuição permite ganhos na coordenação e seletividade, além de melhorar significativamente os indicadores de desempenho da concessionária. Mesmo com as vantagens e benefícios dos religadores, não adianta substituir todos os fusíveis por religadores, pois isso não é operativamente interessante além do alto custo para implementação que teria que ser passado para os consumidores.
Por: Mesh Engenharia
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