Os relés de proteção são dispositivos utilizados para realizar o monitoramento das grandezas elétricas do equipamento protegido e enviar sinais de comando para abertura do disjuntor. Sendo assim é fundamental que esse equipamento esteja devidamente calibrado em condições operativas ideais.
As funções de proteção mais utilizadas e presentes nas subestações são a 51 (sobrecorrente temporizada) e 50 (sobrecorrente instantânea), portanto será discutido a diante o teste dessas funções.
Qual equipamento utilizar?
Dentro desse contexto a primeira grande pergunta que surge é: Qual equipamento ideal de teste para essas funções? Bom para responder isso primeiro devemos entender que existem basicamente três tipos de fonte que podem ser utilizadas nesse tipo de ensaio:
– Maletas Monofásicas: Esse tipo de maleta você realiza o ensaio para cada uma das fases de forma individual. Portanto é necessário que você refaça as ligações para cada uma das fases ao longo do comissionamento. Uma desvantagem desse tipo de fonte é que você não consegue simular por exemplo correntes trifásicas, que é o tipo de sistema que o relé irá monitorar.
Além disso para algumas maletas você deve inserir um temporizador separado para coletar o tempo de atuação da proteção.
– Maletas Trifásicas: Esse tipo de maleta te dá mais agilidade e rapidez no ensaio, pelo fato de você não precisar ficar refazendo as ligações. Além disso você tem condição de simular diferentes tipos de curtos-circuitos (trifásico, bifásico, monofásico, etc). A depender do tipo da maleta você consegue ainda já relatórios prontos informando os resultados dos testes executado.
– Maletas Hexafásicas: Esse tipo de maleta para esse tipo de ensaio não traz tantas vantagens adicionais a maleta trifásica. Porém se houver relés de proteção próximos um dos outros você pode fazer a conexão de até 2 relés e fazer as simulações e testes desejados. Esse tipo de maleta é utilizado por exemplo para testes de funções mais complexas como a 87 (Diferencial) e a 21 (Relé de Distância).
Ensaio de Levantamento de Curva
Esse ensaio tem a finalidade de realizar a comparação entre a curva teórica inserida no relé e o tempo real de atuação da proteção para uma dada corrente. Para realizar esse ensaio devemos levantar as seguintes informações:
– Ajustes da função no Relé de Proteção
– Erro máximo admitido pelo fabricante para o tempo de atuação da proteção
– Erro máximo de leitura de corrente admitido pelo fabricante
Após essas informações você deve criar uma curva teórica e uma curva real de forma a ter uma base de comparação entre as curvas de atuação. Para fontes trifásicas e hexafásicas essa comparação é feita de forma automática pelo software da maleta. Porém para ensaios com fontes monofásicas você deve fazer essa comparação de forma manual, podendo ser utilizado como auxílio por exemplo a ferramenta do Excel.
Ao criar a faixa de erro máximo admitido obtido através do datasheet do fabricante você verificar que os pontos não bateram nessa curva existe algum problema no relé. Com base na nossa experiência o que mais acontece é:
– Erro na parametrização do TC
– Erro na parametrização do ajuste
– Sensor de Corrente do Relé comprometido
– Saída de trip do relé com problema
Se for verificado erro na parametrização ou configuração do relé você consegue fazer essas correções e testar novamente o equipamento. Caso o problema seja de fato o relé, deverá ser encaminhado para o fabricante para que ele possa fazer a manutenção do dispositivo.
Ensaio de Pickup
O comportamento esperado para uma curva de sobrecorrente é que o relé de proteção comece a temporização apenas para correntes superiores ao pick-up ajustado. Sendo assim esse ensaio tem o objetivo de verificar se essa condição está sendo respeitada e qual o erro envolvido na identificação da corrente de partida do relé de proteção.
É importante para esse ensaio levar em consideração o erro do sensor de corrente do relé e verificar se a identificação do Pick-up está de fato respeitando esse erro máximo admitido. Através desse ensaio pode ser recomendado alterações no ajuste da corrente de partida de forma a evitar partidas indevida da proteção.
Por: Mesh Engenharia